As mãos estão trêmulas e suadas, o
peito palpitando e de repente um suspiro escapa ao vê-lo chegar.
Tento não demonstrar minha emoção,
mas quando você vem em minha direção e de braços abertos me aperta contra seu
corpo e beija meu rosto, fecho os olhos e o tempo parece sumir.
Mas ao me deparar com sua presença
me revisto da seriedade que devo impor e apenas lhe desejo boa noite.
E então seus lábios me provocam.
Uma mordida de leve entre os lábios
e a sua língua passeando pelos cantos da sua boca me levando ao delírio
contido. Tento disfarçar e me perco em pensamentos excitantes.
Num piscar evito seu olhar para que
o impulso não me tome em sua direção.
As palavras que digo ficam desconexas
e com muito esforço me concentro em outra direção tentando ignorar minha
vontade. Recomponho meus pensamentos e continuo te evitando.
Sinto um calafrio percorrendo meu
peito quando percebo que você me olha buscando compreender minhas palavras.
O seu sorriso tímido com sua boca
molhada estremece meu corpo que parece arder em febre de desejos e se esvaem
pelo corpo encoberto de um recato que não quer existir.
O diálogo se inicia e ao som de sua
voz marcante quase sinto o seu gosto.
As mãos marcadas por suas
habilidades se apresentam em ritmo de valsa, delicadas e fortes. Meu corpo então
se entorpece pulsando a vontade que sinto de sentir suas mãos me apertando
entre as coxas.
Enveredo pelas delicias da
imaginação até que meu corpo começa a transpirar de desejo nos lugares mais
íntimos e minha respiração fica ofegante.
E nessa enxurrada de pensamentos insanos
lembro-me da distância que há entre nós e aliás, “nós” nunca existimos, apenas
você e eu como duas pessoas que estão se encontrando em um momento importante
para ambos, mas cada um de um lado diferente do outro.
Não há pontes que nos ligam, não há
sequer algo que seja concreto.
Apenas a constatação daquilo que
figura em meus pensamentos íntimos clamando por sua companhia e seus desejos.